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Catherine Opie (Sandusky, Ohio, 1961) é uma das principais artistas da fotografia contemporânea internacional, e esta é sua primeira exposição individual no Brasil. Desde o final da década de 1980, Opie vem trabalhando com fotografia colorida e em preto e branco, e o retrato é um de seus gêneros prevalentes — embora também tenha trabalhado com fotografia de arquitetura e de paisagem, entre outras. De fato, desde a faculdade, ela vem realizando retratos da comunidade queer, da qual faz parte. Assim, num ano dedicado às narrativas, personagens e temas LGBTQIA+ no MASP, esta mostra propõe reunir retratos dessa coletividade feitos por Opie ao longo das décadas.
“Cada criança é uma lei em si mesma” —Mario Pedrosa
Histórias da infância reúne múltiplas e diversas representações da infância de diferentes períodos, territórios e escolas, da arte africana e asiática à brasileira, cusquenha e europeia, incluindo arte sacra, barroca, acadêmica, moderna, contemporânea, e a chamada arte popular, bem como desenhos feitos por crianças.
A exposição se insere num projeto do MASP de friccionar diferentes acervos,desrespeitando hierarquias e territórios entre eles. Nesse sentido, Histórias da infância são também histórias descolonizadoras e assumem um sentido político — há um entendimento de que as histórias que podemos contar não são apenas aquelas das classes dominantes ou da cultura europeia e suas convenções visuais. Assim, Histórias da infância integra um programa mais amplo de exposições sobre diferentes histórias (múltiplas, diversas e plurais), para além das narrativas tradicionais — Histórias da loucura e Histórias feministas(iniciadas em 2015), Histórias da sexualidade (em 2017) e Histórias da escravidão (em 2018). São outras histórias, que incluem grupos, vozes e imagens que foram reprimidas ou marginalizadas, nas quais se inserem as crianças e sua maneira de ver o mundo. Aqui, não por acaso, a altura média das obras expostas foi rebaixada em até 30 cm em relação à convenção do eixo de visão do espectador nos museus, buscando uma relação mais próxima do olhar e do corpo da criança.
Histórias da infância se organiza em torno de núcleos temáticos permeáveis.
No primeiro subsolo, surgem os temas da natividade e maternidade; no primeiro andar, há retratos, representações de família, imagens de educação e de brincadeiras, crianças artistas, crianças anjos e, por fim, a morte. Obras icônicas do MASP — como O escolar, de Van Gogh, Rosa e azul, de Renoir, Retrato de AugusteGabriel Godefroy, de Chardin, eCriança morta, de Portinari — aparecem em novos contextos, transversais e contemporâneos, em justaposição a trabalhos de todas as épocas. A expografia com painéis suspensos, que não formam salas fechadas, permite uma articulação entre os diversos núcleos e trabalhos. A exposição dialoga com Playgrounds 2016, no segundo subsolo e Vão Livre, mediante o jogo, o lúdico e a brincadeira, e com um programa de oficinas de desenho, iniciado em janeiro de 2016 e que se estende até o final da exposição. Durante o processo curatorial, foi desenvolvido também um projeto de mediação experimental elaborando histórias sobre algumas obras do acervo do museu contadas por crianças da Escola Municipal de Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima e do Colégio São Domingos, com vistas a um futuro audioguia da coleção (os áudios estão disponíveis em bit.ly/maspmuseu). Desse modo, a mostra reconhece e inclui as histórias das próprias crianças: em pé de igualdade com os demais trabalhos, serão expostos desenhos feitos por elas nos anos 1970, anos 2000 e mais recentemente em 2016, todos do acervo do museu. Há muito o que aprender com esses desenhos, essas trocas e essas histórias.
Curadoria: Adriano Pedrosa, Fernando Oliva e Lilia Schwarcz
ARTE DA FRANÇA: DE DELACROIX A CÉZANNE
Esta exposição atravessa quase duzentos anos de produção artística na França, dos séculos 18 ao 20, exibindo retratos, paisagens, naturezas-mortas e cenas históricas e do cotidiano, do mais importante acervo do período no Hemisfério Sul. Estão representados artistas de herança neoclássica, como Ingres, e romântica, como Delacroix; além de nomes ligados aos movimentos precursores do modernismo, como o realismo, de Courbet; o impressionismo, de Monet e Degas; o pós-impressionismo, de Cézanne, Van Gogh e Gauguin; o grupo dos Nabis, de Vuillard; e o cubismo, de Picasso e Léger.
Grande parte dessas obras é testemunha das rupturas de natureza política, social e cultural que marcaram a Europa do século 19 e início do 20, quando a arte ganhou outros circuitos de produção e veiculação para além dos salões e encomendas oficiais, como a imprensa e a crítica especializada; os bares onde fervilhava a vida da nova burguesia e intelectualidade; os ateliês e a importância de sua dimensão expandida, especialmente no caso de Picasso; as academias alternativas, como Julian e Suisse, que ofereceram opções à formação mais tradicional da École de Beaux-Arts.
A exposição privilegiou reunir conjuntos completos do acervo, com destaque para Renoir, Toulouse-Lautrec, Modigliani e Manet. Delacroix e Cézanne, juntos no mesmo espaço, na entrada, funcionam como vetores para todo o percurso, uma vez que apontaram, cada um em seu tempo, tanto para o passado quanto para o futuro da história da arte, pontuando transições entre a tradição e o moderno; o antigo e o novo; entre, por exemplo, Ingres e Léger.
Cézanne, que via em Delacroix um mestre e estudava pintura fazendo cópias de suas telas, soube perceber nele qualidades modernistas. Cézanne não só retomou algumas dessas qualidades como emprestou a elas novo significado, caso do encontro entre figura e fundo; do maior protagonismo dado aos elementos do quadro e da pintura, como a pincelada, em detrimento dos temas; e, sobretudo, da maneira como se valeu de um caráter supostamente inacabado de suas pinturas.
Também são exibidos itens do arquivo histórico e fotográfico do MASP, como correspondências sobre doações, aquisições, convites, folhetos de exposições, recortes de jornais, revistas e fotografias que recuperam parte da história das obras e do próprio museu. Apresentados no mesmo plano que as pinturas, apontam para uma redefinição de lugares e hierarquias entre os trabalhos de arte e sua história dentro da instituição, oferecendo um novo estatuto para materiais comumente distantes dos olhos do público.
A disposição dos painéis, dos cabos de aço e das obras, bem como a relação deles entre si e com o espaço, retoma projeto de Lina Bo Bardi, arquiteta do MASP. Em 1950, na antiga sede da rua 7 de Abril, sua expografia já antecipava noções de transparência, leveza e suspensão, sem divisões em salas nem cronologias rígidas. Essas escolhas foram fundamentais e prepararam o terreno para a radical solução das telas dispostas sobre cavaletes de vidro que, ausentes desde 1996, retornarão ao segundo andar do MASP no final deste ano.
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Curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico; Eugênia Gorini Esmeraldo, coordenadora de intercâmbio; e Fernando Oliva, curador assistente
O título da mostra inspira-se em uma citação de Walter Benjamin em seu ensaio Paris, capital do século XIX. Nele aparece a célebre menção às passagens, galerias comerciais levando de uma rua a outra, cheias de lojas atraentes, cenário singular da vida moderna, parte do mito da Cidade Luz. Os artistas aqui incluídos viveram, produziram, passaram por Paris, cidade criativa antes mesmo que o termo existisse. A exposição interage com A arte do detalhe (e depois, nada), em cartaz desde o inicio de novembro, igualmente patrocinada pelo Banco BTG Pactual.
Nos anos 1920, a expressão Escola de Paris veio a designar a arte imediatamente anterior e aquela logo posterior feita nessa cidade, farol do mundo cultural até que se impusesse outra “Escola”, a de Nova York, com uma arte abstrata em tudo oposta à de Paris que, porém, continuou a fascinar. Àquela época Paris era considerada a capital do mundo e sua força criativa e inspiradora atraía (e ainda hoje atraem) artistas de todas as partes. Suas passagens, galerias comerciais levando de uma rua a outra, cheias de lojas atraentes e cenário singular da vida moderna, eram parte do mito da Cidade Luz.
Passagens por Paris propõe um passeio pela arte moderna, com obras feitas entre 1866 e 1948 por artistas icônicos do período: Manet, Degas, Cézanne, Gauguin, Van Gogh, Matisse, Renoir, Toulouse-Lautrec, Picasso, Modigliani, Portinari, Rego Monteiro... Todos os aqui incluídos viveram, produziram, passaram por Paris. A exposição dá aos visitantes a oportunidade de apreciar algumas das obras mais representativas desse período.
“Toda obra tem seu sentido próprio, aquele de início buscado pelo artista, e adquire outro ou outros significados conforme seu lugar no cenário amplo da história e nas mostras de que participa. Aqui se propõe uma ocasião para o desfrute dessa dupla experiência”, aponta Teixeira.
O triunfo do detalhe (e depois, nada) é dividida em três seções, cada uma referente a um momento específico da arte, que retratam a mudança da valoração do detalhe como elemento da concepção artística. Nas palavras do curador, “durante largo período a arte foi, primeiro, a arte do detalhe, de reproduzir o detalhe ou criar detalhes imaginários. O sentido da arte estava não raro no detalhe, um dos indícios fortes do valor do artista. Seguiu-se um período em que o detalhe começa a dissolver-se, e com ele toda a pintura; e, depois, um terceiro tempo em que sai de cena”.
Obras icônicas, e outras em busca de novos caminhos, permitem um exercício essencial em arte: vê-las sempre desde outra perspectiva. Entre os destaques, trabalhos de Monet, van Gogh, Cézanne, Velázquez, Tiziano, Frans Hals, Picasso, Regina Silveira e Leon Ferrari.
A partir de 22 de março, o público poderá ver no MASP as 122 obras de Giorgio de Chirico cedidas pela Fondazione Giorgio e Isa de Chirico. Com curadoria da crítica de arte e arquiteta italiana Maddalena d’Alfonso, a maioria das obras é da última fase do artista, morto em 1978, chamada de neometafísica. Os trabalhos deste período começam a ser produzidos nos anos 60 e são caracterizados pela exaltação da cor, o caráter seco e a redução poética.
Cidadão do mundo, De Chirico viveu em várias cidades da Europa e também em Nova York, fato que contribuiu para que, em seu trabalho, o imaginário urbano e a cidade encarnassem a dimensão interior e psicológica do homem moderno. A arquitetura está presente em toda a exposição e é um dos motivos centrais da obra do artista, que dizia: “o sentimento da arquitetura é, provavelmente, um dos primeiros que os homens experimentaram. As moradias primitivas encravadas nas montanhas, reunidas no meio de pântanos, indubitavelmente originaram nos nossos antigos avós um sentimento confuso feito de mil outros e que desencadeou, no decorrer dos séculos, aquilo que nós chamamos sentimento da arquitetura”.
Antecessor de algumas das mais importantes propostas do pensamento artístico moderno e contemporâneo, De Chirico promoveu junto a Alberto Savinio, Carlo Carrà e Giorgio Morandi aquela a que chamou de arte metafísica, ou para além das coisas físicas. “A ‘vida silente’ que emana das obras nos dá a sensação não só do sonho, mas também da desolação, da incongruência, do aspecto enigmático do lugar representado”, afirma Maddalena D´Alfonso. Para Teixeira Coelho, curador do MASP, “se Turner, Monet e Van Gogh foram nomes da expressão mais alta do século XIX que entrava numa era que parecia do encanto, De Chirico, Delvaux e Hopper são os profetas de uma nova idade, a do espanto. E não há nada de metafísico nisto; apenas a física mais dura, a realidade mais concreta. Terrível – ainda assim, cativante”.
De Chirico Reloaded
Por Teixeira Coelho, curador do MASP
As telas de De Chirico são das poucas que povoam recorrentemente o imaginário da arte e a imaginação das pessoas: vão e voltam à memória e todos sabemos que existem e como são, mesmo sem saber o quê são. É mais do que se pode dizer da maior parte da arte: estar sempre aí, latentes mesmo para quem nunca as viu ao vivo.
Em lugar de “povoam” seria possível dizer assombram. Como um pesadelo infindável. Suas visões de uma cidade vazia – de um locus solus, um lugar vazio e isolado, como na expressão de Raymond Roussel agora recuperada por uma exposição no Reina Sofia -, uma cidade vazia e habitada por não-homens, por objetos e coisas e pela arte, pelos restos da arte e da civilização, espantaram quando surgiram nas primeiras décadas do século XX e continuam a inquietar agora quando o homem-máquina atual, em sua versão nanotecnológica, já é uma realidade. Suas cidades esvaziadas, premonitórias de uma época em que a bomba de nêutrons poderia matar tudo que vive e deixar intactos prédios e coisas, ressurgiram como signos de um pavor latente que perseguiu a humanidade durante a Guerra Fria. Os seres humanos não foram (ainda) aniquilados, mas sua gradativa transformação em homens-mecanismos, daqueles que habitam Blade Runner, dão razão retrospectiva aos sonhos pesados de De Chirico. Suas cenas urbanas marcadas por sombras equivocadas, inquietantes e geladas, seus trens que se movem sem ninguém são outras tantas máquinas solteiras, na expressão que Marcel Duchamp cunhou em 1913 para designar esses aparatos com lógica e existência própria, independentes do ser humano.
De Chirico não deixou de ser marginalizado pela vanguarda de sua época – ele que, no entanto, estava naquele mesmo instante ao lado e do lado da vanguarda mais radical, a que não se expressa só por conceitos abstratos, mas em imagens reconhecíveis embora igualmente enigmáticas. O rótulo que ele mesmo adotou junto com Carlo Carrà, “pintura metafísica”, pode não ter contribuído para a plena compreensão do que fazia. Se a arte moderna surgiu com a pintura de paisagens, o que libertou o artista da pressão da encomenda dos retratos e lhe deu sua primeira e real autonomia (econômica e de modo de representar o mundo), seria preciso marcar que a pintura que assumiu a cidade como tema deu um passo adiante, esquecendo o programa da modernidade e já agora não no mundo da agradabilidade e da beleza, mas, primeiro, no cenário da agitação, do frenesi e do spleen ainda impulsionadores e, depois, com De Chirico, no quadro do isolamento, da inquietação e do medo, um quadro no qual o homem não mais existe. De Chirico não está sozinho, Paul Delvaux é um par seu, em segunda vertente, e outro é Edward Hopper, numa terceira. Se Turner, Monet e Van Gogh foram nomes da expressão mais alta do século XIX que entrava numa era que parecia do encanto, De Chirico, Delvaux e Hopper são os profetas de uma nova idade, a do espanto. E não há nada de metafísico nisto; apenas a física mais dura, a realidade mais concreta. Terrível – ainda assim, cativante.
Ter a possibilidade de pôr De Chirico ao alcance dos olhos, junto com a Fundação Iberê Camargo e a Casa Fiat de Cultura e graças ao apoio de ambas, é algo para o MASP digno de nota.
Serviço Educativo
Como para as demais exposições temporárias e mostras de obras do acervo realizadas pelo MASP, De Chirico: O Sentimento da Arquitetura - Obras da Fondazione Giorgio e Isa de Chirico tem um programa educativo elaborado especialmente para atender aos visitantes, professores e alunos de escolas públicas e privadas. As visitas orientadas são realizadas por uma equipe de profissionais especializados.
Informações: 3251 5644, ramal 2112.
Veja aqui a programação completa de atividades do Educativo para esta exposição
A Natureza, o Corpo, as Paixões, a Paisagem Urbana, o Imaginário. Estes e outros temas caros ao pensamento contemporâneo norteiam Romantismo – A arte do entusiasmo, exposição que o curador Teixeira Coelho concebeu a partir do acervo do MASP para o ano de 2010. Ao todo, 79 obras-primas foram escolhidas e, divididas em nove seções, serão apresentadas ao público num painel que reúne alguns dos maiores gênios da pintura do final do século 15 aos dias de hoje.
A mostra conta com o patrocínio do Banco PSA Finance Brasil e apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Para o filósofo britânico Isaiah Berlin, “o Romantismo foi a maior mudança no pensamento ocidental em todos os tempos”, aponta Teixeira Coelho. “Foi uma gigantesca e radical transformação. Mais do que uma transformação, uma revolução. Revolução contra o quê? Contra tudo. Contra as ideias eternas e universais, contra o passado e contra o futuro", complementa o curador, que foi buscar no acervo do MASP as obras que ajudam a traduzir, em momentos diversos da história da arte desde o final do século 15, os preceitos que viriam a compor o ideário romântico que move a sociedade desde então.
Ao todo, 63 artistas estão na mostra, entre eles El Greco, Bosch, Turner, impressionistas como Gauguin, Van Gogh, Renoir, Monet e Manet e modernos e contemporâneos como Dali, Rodin, Matisse, Amélia Toledo, León Ferrari e Marcelo Grassmann. Neste link, veja a relação de artistas e obras em nove grupos propostos pela curadoria, integrada também pelo curador adjunto Denis Molino.
Serviço Educativo
Como nas mostras compostas por obras do acervo e nas exposições temporárias realizadas pelo MASP, a exposição Romantismo – A Arte do Entusiasmo tem um programa educativo elaborado especialmente para atender aos visitantes, professores e alunos de escolas das redes pública e privada. As visitas orientadas são realizadas por uma equipe de profissionais especializados. Informações: 3251 5644, r 2112
Com esta exposição que reúne mais de cem obras produzidas sob influência do realismo francês, o MASP será sede da significativa exposição de arte do calendário de comemorações do “Ano da França no Brasil”.
Com patrocínio do Carrefour Soluções Financeiras, a mostra Arte na França 1860-1960: O Realismo traz mais de cem obras-primas vindas da Coleção Berardo (Lisboa), de museus franceses, como Musée D’Orsay, Centre Pompidou, Musée de L’Orangerie, Fonds National D’Art Contemporain, Musée D’Art Moderne de la Ville de Paris, e de outras coleções como Museu Nacional de Belas Artes do Rio e Museu Lasar Segall, além de 50 obras do próprio acervo do MASP. A exposição faz um percurso por um século de arte produzida na França e levanta as questões das diversas e contraditórias manifestações do Realismo.
A exposição cobre o período em que o realismo se afirma na arte francesa, e passa a influenciar o panorama cultural internacional, até o momento em que a arte feita nos EUA ascendeu ao primeiro posto. E traz obras de artistas franceses e estrangeiros que produziram na França ou que por lá passaram, como Picasso, Dali, Vieira da Silva e Miró. Estão incluídos trabalhos dos diversos movimentos e escolas, abordadas sob a perspectiva do Realismo - seus pontos de partida, suas versões e propostas.
Nestes cem anos é possível perceber traços sucessivos de percepção do real: o tema desta exposição é a história desta interpretação, desta desfiguração e reconfiguração. No conjunto estarão inseridas obras de Courbet, Miró, Dalí, Douanier Rousseau, Monet, Picasso, Manet, Van Gogh, Degas, Renoir e Cézanne, entre outros, além de outras obras de brasileiros produzidas na França, como as de Cândido Portinari, Almeida Junior, Iberê Camargo, Lasar Segall e Guignard.
A curadoria é do francês Eric Corne, curador independente que já trabalhou para importantes museus do mundo, como o Instituto Valenciano de Arte Moderna e Museu Berardo, entre outros. Serão abordadas estilos compreendidos nos cem anos cobertos pela exposição e que se encerram com as manifestações da nova figuração narrativa no começo da segunda metade do século XX - passando pelo impressionismo, naturalismo, expressionismo, cubismo, surrealismo, dadaísmo e neo-realismo.
Em 64 trabalhos sobre papel, 19 fotografias e 11 livros, a exposição Primeiro Expressionismo Alemão: Paula Modersohn-Becker e os Artistas de Worpswede - Desenhos e Gravuras (1895-1906) remonta o diálogo de artistas alemães com a natureza, o homem e as paisagens do isolado vilarejo de Worpswede, na Alemanha. A mostra esteve em mais de vinte países nos últimos dez anos e pode ser vista no MASP de 31 de julho a 5 de outubro. Antes de seguir pela América Latina, passa por Porto Alegre, Curitiba e Brasília.
Um capítulo à parte do modernismo clássico, marcado por uma oposição ao formalismo da virada do século XIX, chega ao MASP no dia 31 de julho com a exposição Primeiro Expressionismo Alemão: Paula Modersohn-Becker e os Artistas de Worpswede - Desenhos e Gravuras (1895-1906). Principal artista da mostra, Modersohn-Becker absorveu influência de artistas como Cézanne, Gauguin e Van Gogh e deixou cerca de 700 pinturas, mais de mil desenhos e 13 gravuras produzidos entre os anos de 1895 a 1905.
Vítima de embolia 18 dias após o parto de sua primeira filha, a artista viveu intensamente seus 31 anos e em pouco mais de uma década de produção artística pontuou a arte expressionista com uma visão mais feminista.
Uma das precursoras dos auto-retratos em nu, Paula não teve reconhecimento de sua obra em vida. Sua obra e a de seus amigos e colegas ganhou corpo no pequeno povoado de Worpswede, próximo à cidade de Bremen, Alemanha, vilarejo símbolo de imagens atmosféricas de paisagens nórdicas e sede da colônia de jovens artistas cujo movimento se afastou dos temas acadêmicos tradicionais da época, levados pelo ideal romântico da natureza.
A cidadezinha era freqüentada e citada também pelo poeta tcheco Rainer Maria Rilke, um dos grandes amigos de Paula, que escreveu para ela, quase um ano após sua morte, o célebre poema Réquiem para uma amiga.
Principal representante do movimento, apesar de seu ingresso posterior à colônia, Paula tomou a via mais radical entre os artistas de Worpswede rumo à era moderna, deixando de representar a aparência exterior para buscar a essência interior das coisas, o que poderá ser visto na mostra. Desenhos de Otto Modersohn e grafismos de Fritz Overbeck, Heinrich Vogeler, Fritz Mackensen e Hans am Ende completam as 94 obras da exposição itinerante do Instituto de Relações Culturais com o Exterior (IFA), de Stuttgart, Alemanha.
Concebida por Wulf Herzogenrath, a mostra itinerou pela China em 2007 e depois do MASP passará por Porto Alegre, Curitiba e Brasília, seguindo depois pela América Latina.
A Natureza das Coisas
– por Teixeira Coelho, Curador Coordenador do MASP
Uma cadeira é uma coisa. E uma pedra, uma nuvem, uma folha. O mundo todo é uma coisa, escreveu Kant. Tudo que existe é uma coisa. Tudo menos, para alguma filosofia e em muita pintura, a figura humana, uma interrupção nesse largo contínuo que é o mundo das coisas.
Mas em pintura há um gênero em que coisas e homens se tornam uma unidade: a paisagem. A partir do século XVIII, a nascente ciência moderna era uma disciplina que dividia a natureza em suas partes para analisá-las. Ao lado, a pintura (e a pintura de paisagens) já era uma atividade de síntese propondo a unidade entre as emoções (a estética), os atos (a moral) e o conhecimento (a lógica) – a unificação de todas as coisas.
Tem sido assim desde a Renascença. Essas pinturas de paisagens contavam uma história importante que as pessoas conheciam. Uma história de conteúdos morais: o carvalho representava a coragem; os álamos, a dor; a salamandra, o mal (no século XXI não sabemos mais ler essas coisas: cultura e natureza se divorciaram). Nesta mostra, porém, não há só paisagens. Nem somente paisagens da natureza identificada com o campo. Há marinhas, naturezas-mortas e as paisagens culturais que são as paisagens urbanas. É a natureza dessas coisas que esta mostra busca revelar. Hoje, é fato, o mistério das coisas se esvaiu, acompanhando o desencantamento do mundo.
Se há uma imagem exata de como se sente o homem contemporâneo diante das coisas (e das "velhas" pinturas de paisagem) são estas palavras de Fernando Pessoa:
"O único sentido oculto das cousas / é elas não terem sentido oculto nenhum [...] as cousas não têm significação, têm existência. / As cousas são o único sentido oculto das cousas".
E o poeta continua para dizer que "Não basta abrir a janela / para ver os campos e o rio./Não é bastante não ser cego /para ver as árvores e as flores. / É preciso também não ter filosofia nenhuma."
O poeta resume assim, sem dizê-lo, a história da arte da pintura de paisagem, uma história da passagem da arte com filosofia para a arte sem filosofia. Esta exposição – a segunda de quatro mostrando a Coleção do MASP sob novo ângulo – é ocasião para reaprender a ver este gênero central da arte ocidental e desaprender outras tantas coisas.
Serão expostas 70 obras, produzidas entre o século XVII e a década de 80. A mostra, que tem o patrocínio da Mercedes-Benz do Brasil, ocupará duas salas da galeria do 2º andar do museu e possibilitará ao público visitante apreciar obras de períodos distintos, do clássico ao moderno, européias e brasileiras, lado a lado.
Trabalhos de Pablo Picasso, Van Gogh, Matisse e Monet, além de artistas brasileiros como Benedicto Calixto, Carlos Prado, Guignard e Almeida Júnior fazem parte do acervo que será exposto em sete grupos distintos - grandes paisagens, arborescências, parques e jardins, marinhas, paisagens urbanas, interiores e naturezas-mortas.
Assim como na exposição A Arte do Mito – primeira exposição com leitura temática do acervo – o público poderá ter uma visão compreensiva com textos explicativos sobre obras específicas da mostra e também seus conjuntos.
O Castelo de Caernarvon (1830-35), de William Turner; Rochedos de L´Estaque (1882-85) e O Grande Pinheiro (1892-96), de Cézanne; Passeio ao Crepúsculo (1889-90), de Van Gogh, e Igreja de Tarrassa (c.1914), de Torres-Garcia, são algumas das obras que ganharam uma abordagem especial na exposição.
Os temas pelos quais Toulouse-Lautrec tornou-se conhecido não foram a graça e o encanto de Renoir, nem a dureza da paisagem, como em Cézanne, ou uma certa metafísica da tinta, própria de Van Gogh, mas os efeitos de superfície dos cafés e cabarés - a vida trepidante em oposição à ida tranqüila - que construíram parte da identidade atribuída a Paris.
Sua ligação com os novos tempos foi ampla: em 1890 desenhou seu primeiro cartaz (affiche) para anunciar a abertura do Moulin Rouge. Esse cartaz inundou os muros e paredes de Paris tornando conhecido o nome do artista e dando consistência a essa nova mídia que se alçava à categoria de arte, símbolo tanto do fim de século como de uma nova época.
Seu traço, próximo por vezes da caricatura de jornal (no que era outra vez bem moderno), compunha cenas que se aproximavam da estética da fotografia, mídia nascida com a época. O resultado é essa sensação de instantâneo dada pelo retrato de Monsieur Fourcade. O lado maldito do artista ficava com sua predileção pelas cenas de bordel, provocativas, e pela figura das mulheres da noite, entre elas as artistas de cabaré como Loïe Fuller, do esplêndido guache em exposição, e a exuberante, artista com luvas verdes, aqui também incluída.
Sua poética comportava movimentos antagônicos, indo da suave ironia com que via alguns personagens à beleza leve e plenamente impressionista do retrato de sua mãe, a condessa de Toulouse-Lautrec, vista de perfil num jardim florido. Ela está ali tão sozinha quanto à prostituta no emblemático divã vermelho; mas são duas solidões diferentes, no conteúdo como na forma. Não menos atraente, e surpreendente, é a imagem do cachorro com fita azul, que se diz um esboço mas que, vista com olhos de hoje, seria com tranqüilidade assinada por um artista pós-moderno.
Várias destas obras partem em breve para uma longa viagem ao Japão, de onde retornam apenas no início de 2008. E com exceção de Paul Viaud e do Divã, as demais há tempos não compareciam a esta sala. Mais uma razão para re-visitar, ou ver pela primeira vez, este artista que foi um dos ícones da modernidade nascente.
Forrest Bess, Dedication to van Gogh [Dedicatória a van Gogh], 1946, Acervo Museum of Contemporary Art Chicago, Doação Mary e Earle Ludgin Collection, 1981.20
Para a edição do dia 05 de dezembro propomos uma conversa sobre três pinturas de Vincent Van Gogh: O escolar (o filho do carteiro - Gamin au Képi), de 1888; A arlesiana, de 1890 e Banco de pedra no asilo de Saint-Remy, de 1889.
Ponto de encontro: na entrada do Acervo em Transformação, 2º piso, às 16 horas.
Retire seu ingresso no site para garantir a entrada no Museu.
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Créditos da imagem
Vincent Van Gogh, O escolar (o filho do carteiro - Gamin au Képi), 1888.